Saturday, December 14, 2024

Espelho, espelho meu...

Narciso. Eu aprendi sobre ele quando tinha 8 ou 9 anos, na escola. Fizemos um trabalho sobre isso. Eu me identifiquei com ele e essa história nunca saiu da minha mente. Eu amava mitologia grega e essa sempre foi minha história preferida junto com a amada Afrodite. Hoje eu entendo o porquê...


Uma das minhas válvulas de escape sempre foi o autocuidado. Minha avó é muito vaidosa! Minha mãe é formada como maquiadora e cabeleleira e minhas tias são vaidosas e uma delas é cabeleireira e maquiadora também então foi anunciada não crescer nesse mundo. Eu aprendi a me cuidar e me querer bem! Uma benção ou uma maldição? Depende do ponto de vista, claro.
Aos 10 anos comecei a desenvolver um transtorno dismórfico corporal.
De acordo com o Google, quando uma pessoa não se aceita, se acha feia e tem algo de errado com a sua aparência, ela pode desenvolver um transtorno, o dismórfico corporal, em que vê numa relação equivocada o seu corpo. Há um incômodo como o nariz, os lábios, os dentes, ou todo o conjunto, o que causa sofrimento.
Isso aconteceu por longos anos. Vômitos induzidos, remédios pra emagrecer, tentativa de colocar aparelho nos dentes, muita química para cabelo ser liso, uma dependência absurda em maquiagem, sobrancelhas, depilação... Tantas problemas envolvidos. Anos se passaram e chegamos no ano que mudou a história, o mundo e a vida.

Em 2020 estávamos na pandemia e eu olhei sem maquiagem pela 1° vez. Comecei a aprender a cuidar da minha pele, a cuidar das minhas unhas e da minha saúde física com exercícios diários, água, melhor alimentação. Eu me coloquei em 1° lugar de uma forma ruim e deixei de lado meus valores. Eu vivi pela vaidade e pasmem, pela prostituição. Quando uma pessoa não é fiel a Deus, está se prostituindo, pois “ninguém pode servir a dois senhores” (Mateus 6:24). Eu fiquei cego.

Tudo começou porque eu ouvi uma história do meu vô Miguel. Um dia ele me contou a história de Jezabel, da bíblia e pasmem, eu nunca tive lido ou ouvido sobre isso. Resumindo, Jezabel era uma mulher vaidosa (II Reis 9:30) acostumada a conquistar seus interesses através da sedução.

Há uma linha muito tênue entre ser uma mulher como Jezabel e ser uma mulher que mantém o autocuidado e o autoamor. Eu acabei ultrapassando essa linha e foi penoso de me colocar no eixo mas eu consegui, eu finalmente consegui. Só agora escrevendo esse texto e revendo minha vida que processei isso, só agora. A terapia tem me ajudado bastante a entender que não é minha culpa ter vivido tantos traumas com relacionamentos (até amizades, família e amores). O mundo diz que é apenas minha culpa estar comemorando por esse momento delicado onde me sinto fragilizado com pequenas coisas. Eu que não entendo é. É bom sentir que tenho o controle sobre essa parte da minha vida agora.

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